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VIVÊNCIA ASSENTAMENTO MILTON SANTOS - JULHO 2015


Nos dias 27 a 31 de julho de 2015, o grupo de TERRA ( Territórios Rurais e Reforma Agrária) realizou um Estágio Vivencial no assentamento de reforma agrária Milton Santos, localizado em Americana/SP. Participaram da vivência alunos integrantes do grupo TERRA e SAF (Sistemas Agroflorestais) ambos pertencentes ao Núcleo de Agroecologia da ESALQ “Nheengatu”.


A vivência teve como objetivo promover o contato de estudantes universitários com a realidade socioeconômica, política e cultural de um assentamento rural e, também, uma maior aproximação com as reais demandas dos trabalhadores assentados em áreas de reforma agrária. Desta forma, a intenção consiste em fortalecer e fomentar as ações dos grupos ligados ao Núcleo de Agroecologia no assentamento. É importante destacar que esses grupos já realizam diferentes projetos de extensão no assentamento. O grupo TERRA já há 10 anos acompanha os agricultores nos diferentes projetos, de acordo com a demanda dos assentados. Assim, foram por exemplo realizadas oficinas sobre políticas públicas de interesse aos assentados. De sua parte, o grupo SAF procura desenvolver Projetos de Quintais Agroflorestais e, atualmente, auxilia no projeto SAF Horta da Embrapa e na implantação de um minhocário. Com a rotatividade dos alunos e a dificuldade de se trabalhar extensão na universidade, pouco se conhece sobre os assentados e pouco se convive com a realidade dos agricultores. Ainda assim, os grupos procuram meios para suplantar as dificuldades, mantendo visitas permanentes à comunidade assentada. É assim que somos recebidos de braços e coração aberto pelas agricultoras Igailda, Eleni, Vilma e Rosangela (Índia) na ocasião da vivência.


A Convivência com elas e suas famílias no dia a dia nos trabalhos e atividades cotidianas foram sem dúvida a maior contribuição deste projeto para formação e desenvolvimento crítico dos sujeitos participantes. Tratou-se de colocar em prática o real significado da palavra conviver: possuir convivência; ter uma vida em comum; ser próximo de alguém. E, assim, realizamos a experiência de vivenciar os momentos da vida cotidianda de cada família, aproximando dos assentados, não só de sua realidade mas também das pessoas e seus ensinamentos profundos ligados a sua história de vida. De fato, foi possível aprofundar assim o conceito de comunicação, como prática de extensão, tal como proposto por Paulo Freire.


A metodologia proposta para esta vivência foi baseada nas experiências dos Estágios Interdisciplinares de Vivência e Intervenção em Assentamentos Rurais (EIVI), que são realizados desde 1990 em todo o Brasil. Nos primeiros dias, aconteceu uma formação em torno do tema da Questão Agrária e uma abordagem da situação da terra devoluta em que se encontra o Milton Santos. O Prof. Ademir de Luca (orientador do grupo GESP, que é também integrante do “Neengatu”) organizou tal formação que contou com uma discussão em torno de um dos capítulos da obra Comunicação e Extensão do Paulo Freire. Após este momento inicial, procurou-se caracterizar o assentamento a partir do Censo dos assentados realizado em 2011 pela aluna Ana VIVÊNCIA ASSENTAMENTO MILTON SANTOS- JULHO 2015 ‘ Carolina. Após tal atividade, nos quatro dias seguintes, consideramos a importância de manter o máximo contato com as agricultoras em seu cotidiano, fomentando um diálogo em torno das atividades desempenhadas na produção, desde aquelas de cuidado com seus lotes e também aquelas realizadas em áreas de cultivo coletivo.


A partir da experiência de contato direto com os agricultores e sua realidade, realizamos uma avaliação juntamente com as assentadas. Momento importante de reflexão, com explanação da importância da construção de espaços de vivência entre nós estudantes e os agricultores, pudemos constatar que tal experiência reduz a distância e entre o que dizemos e praticamos, e entre o nosso trabalho enquanto extensionistas e o real trabalho com a terra.


Gostaria de destacar algumas das observações citadas durante a avaliação com objetivo de ilustrar a importância da referida atividade:


“No dia-a-dia fiz também coisas casuais como conversar bastante, brincar com as crianças. Resumindo, pude aproveitar muito esses dias, tanto nos trabalho diários quanto nas horas vagas, e pude também aprender muitas lições de vida nesses dias que passei com a Dona Igailda, com a sua energia para cuidar da sua terra e com a sua alegria durante todas as horas do dia, mesmo com todas as dificuldades que os assentados passam” (Leonardo - integrante do Grupo SAF Pirasykaua)".



“Além da contribuição e formação na construção do processo de vivência, a riqueza da experiência de estar em contato com mulheres guerreiras e a força com que desempenham a luta pela terra é mais do que uma simples formação extensionista e social, mas [trata-se de uma experiência] humana única. Considerando que cada um tem sua história de vida, aprendemos um com o outro.” (Yohana- integrante do Grupo Terra)“.



"Mas do que a ajuda na força de trabalho para o lote, o mais importante foi a companhia e a convivência que tivemos” (India, agricultora assentada do Milton Santos).


“Um sonho que se sonha só é só um sonho, mas um sonho que se sonha junto é realidade”. (Raul Seixas)


“Sonha e serás livre de espírito... luta e serás livre na vida”. (Che Guevara)

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